Um estudo recente da USP, publicado na revista The Lancet, revelou que 54% dos casos de demência poderiam ser evitados com mudanças no estilo de vida e acesso à educação.
Os pesquisadores analisaram dados de 41 mil pessoas na América Latina e identificaram que a baixa escolaridade é um dos principais fatores de risco, superando até mesmo a idade avançada.
O estudo também destaca que a demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento. Pelo contrário, muitas das condições que levam à doença podem ser prevenidas por meio de hábitos saudáveis, estímulo cognitivo e políticas públicas voltadas para a inclusão educacional.
Como o aprendizado protege o cérebro?
O estudo destaca a importância da reserva cognitiva, conceito que se refere à capacidade do cérebro de criar novas conexões neuronais e se adaptar ao envelhecimento. Pessoas com maior nível educacional apresentam um cérebro mais resistente a doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Isso acontece porque o aprendizado contínuo estimula áreas do cérebro responsáveis pela memória, raciocínio e tomada de decisões, ajudando a retardar os sintomas da demência.
No entanto, no Brasil, 9,3 milhões de pessoas são analfabetas, segundo dados do IBGE, e quase 10 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não completaram a educação básica. Esses números preocupam os especialistas, pois indicam um alto risco para o aumento dos casos de demência nas próximas décadas.
“A educação é um fator de proteção contra a demência. O cérebro precisa de desafios para se manter ativo, e a aprendizagem ao longo da vida pode ser uma das chaves para reduzir o impacto das doenças neurodegenerativas”, explicou a professora Claudia Kimie Suemoto, coordenadora do estudo.
Como estimular o cérebro para prevenir a demência?
Além do acesso à educação formal, algumas estratégias podem ajudar a manter a mente ativa e reduzir os riscos de declínio cognitivo. Confira as principais recomendações do Dr. Bem-Estar:
Práticas que ajudam a proteger a mente
- Leitura diária: Estabeleça o hábito de ler livros, jornais ou artigos para manter o cérebro ativo.
- Aprendizado contínuo: Faça cursos, aprenda um novo idioma ou pratique jogos de raciocínio para estimular a memória.
- Música e arte: Tocar instrumentos musicais, desenhar ou pintar são formas eficazes de fortalecer conexões neurais.
Controle do estresse e saúde mental
- Meditação e mindfulness: Reduzem o estresse e a inflamação no cérebro, prevenindo o desgaste neuronal.
- Interações sociais: Conversar, compartilhar experiências e ter contato com diferentes pontos de vista evitam o isolamento, outro fator de risco para a demência.
O papel dos exercícios físicos na saúde cognitiva
- Atividades aeróbicas: Caminhadas, corridas e dança aumentam a circulação sanguínea no cérebro.
- Treino de resistência: Exercícios com peso auxiliam na produção de hormônios que fortalecem o sistema nervoso.
- Yoga e alongamento: Melhoram a coordenação motora e o equilíbrio, reduzindo riscos de quedas e impactos cerebrais.
Conclusão
A prevenção da demência não depende apenas do fator biológico, mas sim de uma combinação de educação, hábitos saudáveis e estímulos cognitivos. Pequenos ajustes na rotina, como aprender algo novo, manter um estilo de vida ativo e investir em uma alimentação equilibrada, podem ajudar a proteger a saúde do cérebro a longo prazo.
O estudo da USP reforça a necessidade de políticas educacionais inclusivas e investimentos na conscientização da população sobre os fatores de risco modificáveis. Além disso, o suporte de profissionais de saúde, como médicos e nutricionistas, pode ser fundamental na adoção de estratégias eficazes para a prevenção da demência.
A mudança começa agora. Incorporar hábitos saudáveis no dia a dia pode garantir um envelhecimento mais ativo e com melhor qualidade de vida.
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Fontes:
- G1. Maior fator de risco para demência no Brasil não é a idade, e sim a falta de acesso à educação, afirma estudo. Disponível em: G1
- Jornal USP. Estudo revela que mais de 50% dos casos de demência na América Latina são evitáveis. Disponível em: Jornal USP